No final de Abril deste ano participei na feira do Mercado
de Fusão (Martim Moniz). Inscrevi-me com a perspectiva de que seria a primeira
de muitas feiras em que participaria. Tinha feito um levantamento das feiras
existentes na região de Lisboa: locais, condições de inscrição, data em que
decorriam, taxa de inscrição. Até fiz uma tabela para ver as compatibilidades.
Paguei 30 euros por dois dias e lá fui pensado que, no
mínimo conseguiria vendas que pudessem igualar o pagamento da taxa. Levei toda
a minha produção, panos para decorar, uma pequena mesa desdobrável e dois
bancos. Os 30 euros eram apenas para ter direito a 3 metros quadrados debaixo
de uma tenda. Senti-me mal logo de início: diante de feirantes profissionais cheios
de equipamento – largas mesas e todo o tipo de suportes expositivos – eu era um
ilhéu, uma das Formigas no arquipélago dos Açores. Lá tentei tornar-me visível
o melhor que pude e até acabei por vencer as rajadas de vento que me levantavam
as coisas. Depois foram horas e horas esperando que alguém aparecesse e
quisesse comprar alguma coisa. Valeu a companhia de alguns amigos que
apareceram. Até tive a oportunidade de levantar-me e ir fazer xixi. O dia
seguinte foi um pouco melhor. Tive o meu companheiro comigo uma boa parte do
dia e estava menos frio.
No final fiz cerca de 15 euros. Ou seja, perdi 15 euros.
Decidi que não valia a pena participar em feiras. E durante meses suspendi a
produção, a publicitação e a venda das minhas traquitanas.
Mas eu gosto de as fazer e gosto que gostem delas. Não sou a
empreendedora que os migueis gonçalves deste mundo propagandeiam. Não tenho a
capacidade de fazer negócio de qualquer coisa e muitas vezes não tenho esse
ânimo mecânico e essa crença artificial que se faz de conta que é exigível aos
empresários de sucesso. Mas tenho as minhas mãos e a minha imaginação.
Vem aí o Natal e com ele as bonitas recordações materiais
com que, por tradição, presenteamos as pessoas de que mais gostamos.
Gostaria que essas recordações fossem escolhidas do produto
da minha imaginação e das minhas mãos.
Feira do Mercado de Fusão, Martim Moniz. 27 e 28 de Abril
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