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sábado, 12 de abril de 2014

A minha aventura no mundo da identidade visual. Introdução

Quando tenho que criar a imagem de uma entidade ou empresa sou assaltada por sentimentos contraditórios. Por um lado é animador criar ou recriar a assinatura visual e a apresentação mais imediata de qualquer organização. Tal como o antropólogo que mergulha emocionalmente numa sociedade para melhor a entender, o designer deve imbuir-se num certo sentimento de pertença à organização cuja forma visual lhe será entregue. Mais do que numa elaboração visual de um cartaz avulso ou no design de uma qualquer publicação, o designer deixa a sua marca quando cria uma entidade visual. Investigar uma organização e converter esse conhecimento numa imagem imediata, usável, sintetizadora, estável, facilmente reconhecível e inconfundível é um desafio animador.

No entanto, é exasperante quando temos de produzir essa imagem sem que nos sejam fornecidos todos os dados necessários ou transmitidas claramente as expectativas. É um problema, também de educação visual; clientes que não sabem verbalizar o que concebem visualmente, ou, até mesmo, que não sejam capazes de imaginar. Passa-se muitas vezes não se saber o que se pretende, mas saber-se o que se quer perante a materialidade das coisas.

Um outro problema é a falta de reconhecimento da autoridade do designer. Não me refiro à autoridade temida. Mas sim á autoridade conquistada, aquela que vem mesmo da palavra autor. Já me tenho dado conta muitas vezes da dificuldade de muitos clientes em considerar todos os requisitos de uso de uma identificação visual. E o pior é essa dificuldade associada à negação de uma explicação lógica.

Já me aconselharam de tudo. E já segui todos os conselhos: “tu é que tens de os convencer que eles querem o que tu lhes estás a dar!”, “tens de lhes dar exactamente o que te pedem, não tentes ser mais papista que o papa!”, “tens de os fazer ser explícitos!”. Mas a verdade é que só quando os clientes confiam, são claros e prestáveis é que as coisas resultam.

Li uma vez que 80% do trabalho do designer é lidar com pessoas. Que raio! Eu sou uma profissional da comunicação, indirecta! Não sou uma relações públicas.


























sexta-feira, 11 de abril de 2014

Casas de papel

As pessoas que sonham muito, que não precisam de grandes luxos e também não têm dinheiro, divertem-se com relativamente pouco. Coleccionar postais gratuitos pode dar tanto ou mais prazer que coleccionar relógios. Viajar para destinos exóticos e comprar tudo quanto é souvenir pode animar tanto quanto viajar para outro ponto do país e trazer como recordação pedras, conchas e fotografias digitais. E isto não é o culto da miséria (podiam entender isto associando este ao post anterior sobre o aproveitamento de restos), é o que é: aprender a viver com pouco sem deixar de sonhar.
Quando era pequena vivia num mundo de papel: Desenhava as brincadeiras em papel, brincava com bonecas de papel com roupas de papel, móveis de papel em casas de papel.
Na altura vendiam-se muito casas planificadas que deliciadamente construíamos. Tinha debaixo da cama uma autêntica cidade toda de papel.

As maquetes e as miniaturas continuaram pela vida fora a encher-me a vista. E desde que as minhas sobrinhas nasceram que imagino construir com elas uma grande casa de cartão com todo o recheio em cartão. Tudo muito artesanal. É coisa que nunca se irá concretizar, por falta de espaço, de tempo, de paciência e até de gostos - não é que lhes deu para serem umas góticas de 8 anos!

Mas há alguns anos atrás, quando ainda era professora, levei a cabo um projecto, com uma turma do 9º ano, para a construção de uma residência de estudantes. A planta da casa foi definida em conjunto e cada aluno fazia a maquete do seu quarto, que se encaixava na estrutura geral. Foi divertido.

casas planificadas como as que a minha mãe me oferecia para eu construir

Recheio das casas também de papel. Acho que nunca tive disto. Eu fazia com caixas de fósforos



As maquete da casa com três dos quartos que os meus alunos fizeram.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Pregadeiras Roupa Velha

A minha avó materna fazia muitas vezes roupa velha, mas não apenas de bacalhau. Aliás, raras vezes de bacalhau - na família da minha mãe o sucesso do bacalhau está abaixo da média nacional -; fazia de tudo quanto eram restos. Um resto de frango assado com batatas? zás, mistura e junta ovo. Um resto de peixe? zás, mistura e junta ovo. Um resto de costeletas? zás, mistura e junta ovo. Era este o espírito. Roupa velha era sinónimo de restos. A minha avó, de resto, daria lições a qualquer Vítor Gaspar deste mundo. Aproveitava tudo! Remendava, cerzia, reutilizava embalagens, papel, pano, atilhos, garrafas, caixas. Lavava tudo e conservava as coisas com o maior dos cuidados. Não acumulava tralha, dava uso às coisas e só comprava novo quando tivesse mesmo que ser.

Eu herdei isto dela. De forma mais relaxada porque os tempos são outros, ao contrário dela, não tenho de educar filhos em tempos de guerra e ela, ao contrário de mim, não estava exposta a um constante assédio comercial e consumista.

Por isso guardo sobras de tudo quanto faço e procuro aproveitá-las, nem que seja a longo prazo. A minha cabeça está sempre cheia de afazeres e as minhas agendas cheias de projectos. Nunca chego a esvaziar porque há sempre novas sobras.

O último projecto levado a cabo, e ainda em curso, é do aproveitamento de pedaços de feltro, muitos já recortados, de botões e de linhas. Queria tê-lo terminado ainda antes do início da Primavera. Na minha cabeça sonhadora, imaginava-me de vestido florido e de cesta na mão, a vender por aí a minha "roupa velha primaveril". A realidade é bem diferente: a primavera já tem, oficialmente, uma semanas, embora ande um bocado instável, nada de vestidos coloridos e nada de cestas. Faz-se o que se pode, com muito prazer.










quarta-feira, 9 de abril de 2014

Prezi

Há dois ou três meses atrás encontrei um anúncio de emprego que pedia um "Prezi designer". Não fazia ideia do que se tratava. Existem segmentações do design para todos os gostos e volta e meia aparece mais uma. Lá fui ver o que era. E melhor que uma explicação minha aqui vos deixo o que consta na Wikipedia:

Um software na modalidade cloud feito em Html5 utilizado para a criação de apresentações não lineares, e poderá substituir o comumente utilizado PowerPoint. 

Para o caso de dúvidas deixo também a definição de cloud:

O conceito de computação em nuvem (em inglês, cloud computing) refere-se à utilização da memória e das capacidades de armazenamento e cálculo de computadores e servidores compartilhados e interligados por meio da Internet (...)
O armazenamento de dados é feito em serviços que poderão ser acedidos em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, não havendo necessidade de instalação de programas ou de armazenar dados. O acesso a programas, serviços e arquivos é remoto, através da Internet - daí a alusão à nuvem. O uso desse modelo (ambiente) é mais viável do que o uso de unidades físicas.

Fiquei curiosa. Sempre gostei de trabalhar em PowerPoint, ainda que só tenha recorrido a apresentações enquanto fui professora e apenas quando as escolas tinham recursos para isso. Muitas apresentações feitas com este software carecem de interesse, de estruturação, de composição e revelam falta de educação visual. Não o digo por presunção, digo-o porque acho que estas são as razões que fazem com esta útil ferramenta seja, por preconceito acumulado, posta de lado. E o mesmo poderá acontecer com o prezi, que não conhecia e resolvi explorar. A princípio não percebia bem a lógica de funcionamento, mas depois entrei no esquema e ganhei o ritmo (e ritmo é um termo bem apropriado para o prezi). Fiz uma apresentação de mim para experimentar. Precisa de acertos e correcções, mas lá chegaremos. É possível vê-la neste video:


ou aqui: Irene Sá